terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O maior dos desafios

Brasília - Gostaria de iniciar este curto debate com uma reflexão sobre o VI Congresso da Abraço. De todos os setores que defendem a democracia na comunicação, nosso movimento tem o perfil mais popular. Não poderia ser diferente. O rádio, como um todo, é o meio de comunicação mais difundido e com o maior número de adeptos. Essa ligação até sentimental com a mídia falada, com a oralidade, incentivou nossa classe a abrir emissoras através dos métodos conhecidos. Peleamos duro, fazemos desobediência civil, rompemos lacres, peitamos a repressão e seguimos no ar. Esta é uma de nossas virtudes.
Mas nossa virtude é do tamanho de nossa dificuldade. Embora populares, as rádios comunitárias ainda estão longe de ser ferramentas de libertação popular. Falta muita coisa, mas a caminhada já começou. Se organizarmos 10% das rádios outorgadas já teremos uma enorme rede de rádios. Ao organizar as emissoras do povo, estaremos dando uma grande contribuição para a luta popular no Brasil. A tarefa é tão urgente quanto o combate ao Sistema IBOC de rádio digital, o confronto com o monopólio e as teleprivatarias e a luta por financiamento público e novo marco regulatório.
A comunicação é o combustível da ideologia. Quem somos, quem pensamos ser e aquilo que pensam a respeito de nós como classe e povo está atravessado pela mídia do inimigo. Como formamos este conjunto de idéias de forma compreensível é outro desafio. A linguagem é a carroça que carrega os conceitos. Sem linguagem não há possibilidade de nos comunicarmos entre iguais. Com a linguagem do inimigo incrustrada em nossa mente terminamos por pensar com as idéias de quem deveríamos combater. A busca por linguagens que expressem o poder do povo é uma das missões do movimento popular chamado Abraço.


(Bruno Lima Rocha, coordenador Metropolitano Abraço-RS, coletivo de formação nacional)

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